Obesidade na fertilidade e gestação

Postado em 11/maio/2021

Você sabia que a obesidade pode interferir na fertilidade?

O IMC está associado com a infertilidade em ambos os sexos, independente da faixa etária. Na presença de obesidade, há mudanças hormonais significantes, inclusive nos hormônios sexuais. A obesidade tem como base o processo inflamatório crônico, que conduz disfunções sequenciais no sistema endócrino e imunológico e apresenta relação positiva com o aumento do estresse oxidativo celular. Esse processo, por sua vez, pode causar toxicidade e redução das células funcionais.

Em relação a fertilidade masculina, podemos ver a sua diminuição, enquanto a prevalência de obesidade cresce em todo mundo. Sobretudo pelo processo inflamatório, tem sido proposto que a obesidade influencia a proteômica e morfologia dos espermatozoides, além de levar a alteração da ação dos hormônios sexuais, reduzindo os parâmetros de qualidade do sêmen. A obesidade também pode impactar negativamente em disfunções testiculares, como a varicocele e criptorquidismo.

Mulheres com obesidade podem apresentar alterações no eixo hipotálamo-pituitária-ovários, resultando em disfunções menstruais que podem levar à ausência de ovulação e infertilidade.

Na obesidade os adipócitos atuam como órgão endócrino, assim o tecido adiposo libera um número de moléculas bioativas conhecidas como adipocinas que interagem com múltiplas vias moleculares de resistência a insulina, inflamação, hipertensão, risco cardiovascular, coagulação e diferenciação e maturação do oócito (célula germinativa feminina). Além disso, a implantação endometrial e outras funções reprodutivas femininas são afetadas em mulheres com obesidade, incluindo atraso na concepção, aumento da taxa de abortos espontâneos e redução dos resultados positivos em tratamentos de reprodução assistida.

Assim, a “simples” presença de obesidade pode aumentar, durante a gestação, os riscos de hipertensão e diabetes gestacional, influenciando as alterações na programação metabólica do bebê!

Dessa maneira, uma conduta importante é a prevenção da obesidade, promoção da perda de peso (antes da gestação) e manutenção do peso saudável para auxiliar na normalização hormonal e, dessa maneira, garantir a vitalidade positiva dos pais e filhos!

Devemos ainda estar atentos ao ambiente obesogênico, bem como ao padrão de alimentação rico em gordura, que podem modificar todo o curso de desenvolvimento humano, desde a fertilidade até a prevalência de doenças na vida adulta do futuro bebê!

Referências

SILVESTRIS, Erica et al. Obesity as disruptor of the female fertility. Reproductive Biology and Endocrinology, v. 16, n. 1, p. 1-13, 2018.
MAHANY, Erica B. et al. Obesity and high-fat diet induce distinct changes in placental gene expression and pregnancy outcome. Endocrinology, v. 159, n. 4, p. 1718-1733, 2018.
CABLER, Stephanie et al. Obesity: modern man’s fertility nemesis. Asian journal of andrology, v. 12, n. 4, p. 480, 2010.
SALLMÉN, Markku et al. Reduced fertility among overweight and obese men. Epidemiology, p. 520-523, 2006.

Autora: Maira Mendes Coelho