Obesidade Infantil

Postado em 20/maio/2021

A prevalência da obesidade infantil tem aumentado de maneira epidêmica entre crianças nas últimas quatro décadas, especialmente em áreas urbanas, sendo considerada como uma das atuais preocupações da saúde pública mundial (NCD-RisC, 2017).

O número de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos com obesidade cresceu de 11 milhões para 124 milhões entre 1975 e 2016 (WHO, 2017). Os dados do Global Burden of Disease (GBD) projetam que, em 2025, quase 268 milhões de crianças e adolescentes em 200 países terão excesso de peso, 124 milhões terão obesidade e 72,3% das morbidades e mortes devido a doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) ocorrerão em países de baixa e média renda (Afshin, 2019).

A obesidade infantil está associada ao surgimento precoce de doenças cardiovasculares, alterações respiratórias e ortopédicas, hipertensão, diabetes tipo 2 e comprometimento social e emocional (WHO, 2016; OPAS, 2014; World Obesity Federation, 2017) o que a longo prazo, pode representar um impacto negativo no crescimento e desenvolvimento saudáveis de crianças e adolescentes, redução do bem-estar e da qualidade de vida, elevando o risco de permanecer com essa condição na vida adulta, desenvolverem Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e morte prematura (WHO, 2016; OPAS, 2014;World Obesity Federation, 2017).

O estado nutricional de crianças e adolescentes é resultado da interação complexa entre fatores individuais, familiares e sociais que atuam em diferentes contextos. Em um nível proximal, estão os fatores de risco e as características individuais que podem ser modificáveis, como a ingestão dietética, a prática de atividade física e o comportamento sedentário; ou não modificáveis, como o sexo, a idade e a suscetibilidade familiar ao ganho de peso. No nível medial estão o estilo de vida dos pais e as características da família, que incluem desde a preferência e o consumo alimentar dos pais ou responsáveis até os tipos de alimentos que estão disponíveis no domicílio. E no nível distal estão as características comunitárias, demográficas e sociais (Davison, 2011).

Para intervir na mudança efetiva do comportamento e das práticas alimentares de crianças e adolescentes e, assim, atuar de maneira efetiva no tratamento da obesidade nessas faixas etárias, são necessárias intervenção que considerem a família, a escola e a comunidade, como por exemplo:

  • Substituição do consumo de alimentos ultraprocessados pelo consumo de alimentos in natura ou minimamente processados no ambiente domiciliar e escolar;
  • Incentivo dos pais a prática de atividade física e monitoramento do tempo de tela da criança pelos pais;
  • Incentivos a Programas de alimentação e Programas de educação física nas escolas.

Referências:
AFSHIN A, SUR PJ, FAY KA, CORNABY L, FERRARA G, SALAMA JS et al. Health effects of dietary risks in 195 countries, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet, 2019. v. 393, n. 10184, p. 1958- 1972.
DAVISON KK, BIRCH LL. Childhood overweight: a contextual model and recommendations for future research. Obesity reviews, 2001. v.2, n.3, p.159-171.
NCD RISK FACTOR COLLABORATION (NCD-RisC). Worldwide trends in body- mass index, underweight, overweight, and obesity from 1975 to 2016: a pooled analysis of 2416 population-based measurement studies in 128·9 million children, adolescents, and adults. Lancet, 2017.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Organização Mundial da Saúde (OMS). Plano de Ação para Prevenção da Obesidade em Crianças e Adolescentes. OPAS/OMS, 2014. 37p.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Consideration of the evidence on childhood obesity for the Commission on Ending Childhood Obesity: report of the Adhoc Working Group on Science and Evidence for Ending Childhood Obesity. World Health Organization, 2016.
WORLD OBESITY FEDERATION; BRAY, G.A.; KIM, K.K.; WILDING, J.H. Obesity:a chronic relapsing progressive disease process. A position statement of the WorldObesity Federation. Obes Rev, 2017.

Autora: Luiza Delazari Borges